No Silêncio da Lira
Por Carlos Egert
No crepúsculo da vida, entre sombras e sons,
Orfeu, o amante errante, canta a dor dos corações.
Lágrimas de estrelas caem, em acordes de luar,
Enquanto sua lira murmura um lamento sem par.
Eurídice, estrela distante, em um mundo soturno,
Sussurra nos ecos do amor, um destino diurno.
Nos jardins do eterno, ela dança em flor,
Mas as serpentes do tempo, devoram seu amor.
Desce, Orfeu, aos abismos, onde a morte é a canção,
Com notas de esperança, toca a solidão.
Hades, com olhos de carvão, escuta sua prece,
E a sombra se aquieta, enquanto a dor se tece.
"Olhe não, filho da Terra, o caminho é sutil,
Pois o amor é frágil, como o vento em um anil."
Mas a dúvida é veneno, e o desejo, a prisão,
Orfeu, em um instante, cede à tentação.
Ah, que cruel é a visão que fere o coração!
Eurídice se desvanece, uma sombra em desilusão.
No eco da sua lira, o grito da perda,
Resplandece no silêncio, a verdade que se aferda.
Vaga agora nas florestas, onde o amor se desfaz,
Tocando notas de melancolia, sob a lua voraz.
A cada acorde, um suspiro, uma memória a fluir,
A dança da vida e da morte, em um eterno sentir.
Assim, Orfeu nos ensina, na melodia do amor,
Que o tempo é um amante, e a dor, um professor.
Nos jardins da memória, onde florescem as canções,
O amor é um verso eterno, em nossas corações.
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