Jardins do Vazio
Clamaram da praça que Deus morreu, com mãos erguidas, vitórias vazias, mataram-no com a lâmina das certezas, e no altar do ego, celebraram sua ausência. Mas que morte é essa, se nunca o viram? Se a fé que atacam é sombra de suas próprias falências, um reflexo distorcido no espelho quebrado de suas verdades frágeis. Mataram Deus, dizem, mas a morte de Deus não é seu fim, é o fim do homem que, em sua vaidade, se fez gigante de barro, erguendo templos de lógica sobre a areia movediça da dúvida. Atacam a fé como se fosse veneno, mas não enxergam o antídoto escondido no silêncio do mistério. Desconhecem que na morte de Deus nasce o vazio, e nele, cresce a sombra de uma existência sem sentido, onde o homem vaga, não mais à procura de Deus, mas de si mesmo. E assim, o que foi morto não era Deus, mas a esperança — que, enterrada, espera renascer no coração de quem ousa crer no que vai além da matéria. Carlos Egert 11/09/2024